domingo, 13 de junho de 2010

Do diálogo cheio de regrinhas ou H1N1 e México, uma dupla mutcho lôca!

Em uma fila do banco Santander

Ela – Essa fila é pra consulta de crédito pra aposentados?
Ele – Não sei, acho que não.
Ela – A fila é pra que?
Ele – Eu pretendo pagar o meu IPVA.
Ela – Ah sim.
Ele – Meu carro já está com seis anos de IPVA atrasado. Na verdade eu nunca paguei o IPVA dele.
Ela – E porque a mudança de pensamento?
Ele – Fui pego numa blitz.
Ela – Em seis anos você nunca foi parado por uma blitz antes?
Ele – Já. Claro que sim. O policiamento nesta cidade está cada vez melhor. Em todo canto se vê um policial, uma viatura.
Ela – Ué?
Ele – Só que dessa vez o filho da puta do policial era honesto. Isso nunca me aconteceu antes.
Ela – Você ta falando sério? Que azar.
Ele – Pois é. Vou ter de pagar o IPVA.
Ela – Que merda hein.
Ele – Pois é. Eu não confio no governo. Vou repassar meu dinheiro pro governador pro governador repassar meu dinheiro pra pagar o policial? Pago direto ao policial, ali ao vivo. Pelo menos eu sei que meu dinheiro está sendo bem investido.
Ela – É justo. Com licença. Guarda o lugar pra mim por favor.
Ele – Ok.

A mulher vai em direção ao banheiro. Ouve-se ao longe um espirro. Segundos depois mais um espirro. Segue-se um terceiro espirro. A mulher volta com um ar satisfeito.

Ele – Gripe?
Ela – Gripe.
Ele – Tempo?
Ela – Mais ou menos.
Ele – Mudança de tempo?
Ela – Mudança de ares.
Ele – Ares?
Ela – Viagem.
Ele – Ah sim.
Ela – Pois é.

(...)

Ele – Peraí. Que tem a ver a viagem com o espirro?
Ela – Tanto quanto o espirro tem a ver com o porco.
Ele – (?!)
Ela – Eu estava no méxico.
Ele – Eu adoro o México. Eu não conheço pessoalmente, mas tenho muita simpatia pelo time de futebol deles.
Ela – Sei.
Ele – Conhece o Irritia? Eu acho um dos laterais mais talentosos dos últimos 3 meses. É impressionante. Eu nunca achei que um canhoto fosse capaz de fazer o que ele faz.
Ela – Canhoto é?
Ele – Canhoto. Mas atua como um destro. E ele usa chuteiras tão amarelas que quando ele chuta uma bola parece que está acontecendo um eclipse solar. É de uma beleza estonteante. A senhora não pode imaginar.
Ela – A senhora está no céu. Mas não posso imaginar mesmo.
Ele – A senhora visitou o estádio Cuchucurro de los Quentais?
Ela – Não.
Ele – Pois quem vai ao México e não visita o Cuchurro de los Quentais não é um amante do futebol de verdade. A senhora é uma amante do futebol de verdade?
Ela – Não.
Ele – Viu. Exatamente o que eu quis dizer.
Ela – Pois é. Me dá mais um minuto por favor.

A mulher sai novamente em direção ao banheiro. Como antes, três espirros e volta com um ar satisfeito.

Ele – Ah sim, a senhora ia me falar sobre os ares.
Ela – Sim, os ares do México. Comi um porco de pés descalços num dia de chuva. Peguei a gripe suína?
Ele – Suína?
Ela – O chão estava molhado.
Ele – Ah sim. H1N1?
Ela – É.
Ele – Meu Deus. Você sabe que é contagioso né? Você pode matar todos nós aqui dentro.
Ela – Sim, mas não tão rápido assim. Eu vi que leva até 2 meses pra morrer disso. É por isso que só espirro no banheiro. Só mato quem freqüentar a terceira cabine do banheiro feminino.
Ele – Ah bom.
Ela – Viajei pro México só pra pegar a tal gripe. Fique lá por três semanas mas só consegui pegar ontem quando tive a idéia de tirar os sapatos dos pés. Minha avó sempre disse que andar de pés descalços deixa a gente gripado. Devia ter ouvido a velhinha antes. Almocei um porco bem mal passado enquanto passeava pelas ruas do México até chegar no aeroporto. Na verdade estava desesperançada, no sentido de não ter esperança, mas qual não foi a minha alegria ao desembarcar no Brasil e dar meu primeiro espirro. E depois outros dois. Eles nunca vem sozinhos. Porque será que os espirros sempre vem em trio hein?
Ele – Carência.
Ela – Agora estou aqui, espirrando. Mas nunca perto do senhor. Cultivei certa simpatia pela sua pessoa.
Ele – E a senhora não vai se tratar?
Ela – Mas eu já não falei que eu fui pro México só pra pegar o raio do porco? Tenho muito o que fazer antes de me cuidar. Mas o que eu quero fazer mesmo é...

(barulho do sinal dos caixas, chamam o homem para este ser atendido

Ele – Com licença.
Ela – Toda.

O homem vai ao caixa ser atendido. A mulher espera por alguns minutos. Quer ir ao banheiro para espirrar mas não pode sair da fila pois logo será a sua vez. Segura o espirro. Toca o sinal dos caixas. Ela vai ser atendida. O caixa sempre sorridente.

Ela – Olá.
Caixa – Sim senhora. O que deseja?
Ela – Meu querido. Gostaria de pedir um empréstimo para uma viajem que fiz por esses dias.
Caixa – Sim senhora. Vejo aqui que a senhora pode contrair um crédito de 10 mil reais.
Ela – Eu gostaria de 100.000 reais. A viajem foi longa.
Caixa – Ah sim. Eu poderia lhe conceder este dinheiro agora e a senhora pagaria em pequenas prestações de 20.000 reais ao longo de apenas 27 anos com nossos juros mínimos.
Ela – 27 anos? Acho que dá sim. Perfeito.
Caixa – É só assinar. E aqui está o seu dinheiro.
Ela – Muito obrigada. (ela espirra, salpicando saliva no caixa do banco, que se limpa com um sorriso no rosto). Ops, desculpe-me. Tenha um bom dia.
Caixa – Próximo! (espirro)

Nenhum comentário: