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PIVO - Programa Interação Vi Osmose
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
conto curto de carnaval
Conto curto de carnaval -
A multidão na cidade, pessoas aproveitando a única época do ano em que podem vestir as roupas e fantasias que sempre sonham usar. Os super heróis, pierrôs, freiras e noivas pulando e dançando suas marchas que não cansam de ser repetidas. No meio dessa multidão, um casal se beija.
O beijo sincero de toques e línguas e um carinho que não deixa dúvidas da verdade daquele momento.
Param de se beijar. Se olham. Riem um para o outro, revelando seus dentes.
Ela: Eu não sei o seu nome.
Ele: É palhaço.
Ela: Meu nome é Renata.
Sorri.
A multidão na cidade, pessoas aproveitando a única época do ano em que podem vestir as roupas e fantasias que sempre sonham usar. Os super heróis, pierrôs, freiras e noivas pulando e dançando suas marchas que não cansam de ser repetidas. No meio dessa multidão, um casal se beija.
O beijo sincero de toques e línguas e um carinho que não deixa dúvidas da verdade daquele momento.
Param de se beijar. Se olham. Riem um para o outro, revelando seus dentes.
Ela: Eu não sei o seu nome.
Ele: É palhaço.
Ela: Meu nome é Renata.
Sorri.
domingo, 27 de novembro de 2011
72 horas in clown - Dia 4 - Eu não gosto de palhaço
Acordo cedo depois de
uma noite pessimamente dormida. Tenho a mesma sensação que já tive
de um certo ódio e apreensão por ter de sair novamente com o nariz.
Sempre a antecipação.
Me arrumo, vou sair,
minha mãe pergunta se o nariz não atrapalha pra respirar (coisa que
a maioria das pessoas pergunta, quando pergunta algo). Vou à
Primavera dos Livros. Compro tudo que não comprei na Bienal. Uma
criança me aborda, curiosa. Pergunta se eu sou um palhaço. Pergunto
porque ela acharia isso e ela diz no ouvido da mãe baixinho que é
por causa do nariz (afinal é falta de educação falar do nariz dos
outros). Uma das vendedoras que eu já inclusive havia passado
pergunta o porque do nariz e outro rapaz pergunta se é um protesto
pelo preço dos livros.
Saio de lá e vou para
o Nova América Shopping, na zona norte. A amiga com mania de
registro está comigo todo esse tempo.
Percebo que as pessoas
no Nova América são muito mais agressivas. Muitos (principalmente
homens) olhavam insistentemente e de um modo quase agressivo quando
passavam por mim e não faziam qualquer questão de disfarçar. Me
incomodou por muitas vezes.
Comi algo (fetuccine
pela foto), peguei um ônibus e fui para o Norte Shopping assistir um
espetáculo. Lá chegando, me dei a permissão de não usar o nariz
pelo simples fato do espetáculo ser infantil e não queria chamar
atenção. E aprendi que com crianças não há muito controle sobre
isso. Além da questão da fruição que eu já abordei.
Assisti o espetáculo,
fui trocar o sorvete que havia ganhado e a menina que me atende
pergunta “isso é um nariz de palhaço?”. Respondi que sim.
“Hum... eu não gosto de palhaço.” Eu não estava usando-o,
somente com ele pendurado e puxei assunto e conversamos rapidamente,
coisa que eu não faria em outras condições, imagino eu.
Depois fiquei pensando
se a ausência do nariz me deu alguma leveza ou mudou de algum modo a
minha relação com as coisas. Aumento da autoestima ou coisa que o
valha.
Saio do shopping, vou
para a casa. Ônibus, olhares, o de sempre, nenhuma surpresa.
Chego em casa e volto à
minha rotina hermitã de estudo e planejamento.
De manhã estou de
folga do nariz por questões profissionais, mas termino finalmente as
minhas 72 horas (que como comentado por alguém, são mais que 72
horas) in clown chegando atrasado na aula de ATAT na UNIRIO.
72 horas in clown - Dia 3 - O Palhaço Clownrequinha está morto!
Dia morto. Pra relações
sociais. Na internet não importa se estou vestido, pelado, com nariz
vermelho, azul ou sem nariz. Posso ser pinóquio ou Michael Jackson.
Fico o dia inteiro em casa estudando e dormindo. Por meu quarto ser
quase isolado do resto da sala, mal vejo minha avó e mãe e muito
menos os pedreiros.
Sem muitos comentários
com relação ao nariz. Algumas frustrações pessoais e discussões
que nunca levam a lugar nenhum. Tudo efêmero como sempre é e foi.
72 horas in Clown - Dia 2 - Clown Clownsa
Já acordo atrasado
para um show que iria na Cinelândia às 13:00. Com as obras aqui em
casa e ainda as mil coisas atrasadas a serem resolvidas o nariz era
só mais um fardo a ser enfrentado. Já acordei pensando “que saco
esse nariz”. Celular descarregado, aula a ser planejada para a
manhã do dia seguinte em Niterói, compromissos e a porra do nariz
de palhaço.
Me explico: se eu estou
de mal humor, ou com alguém que não estou afim, ou com energia
pesada e baixa eu simplesmente sigo reclamando ou fingindo que não
existo e faço tudo o que tenho de fazer. Mas o nariz simplesmente
não me deixa entrar nesse estado. Além de tudo, ainda estou com um
nariz de palhaço na cara e todos passam e olham reparando meu mau
humor, ou coisa que o valha.
Fui encontrar com uma
amiga (não estava com o melhor humor também com relação a ela),
perdemos o show atrasados. As pessoas passavam e reparavam mas não
tinham reação muito maior que o habitual. Essa amiga adorou a ideia
de registrar o palhaço e tudo era motivo de foto. De ponto de ônibus
até atravessar a rua. Eu nunca fui fã de fotos e se geralmente o
nariz me deixaria de bom humor, caso houvesse outro contexto (ou
houvesse algum contexto), esse não me deixava mais simpático.
Muitas questões pessoais envolvidas também.
Fomos a uma exposição,
e lá dentro nenhuma reação anormal. Depois que percebi que as
pessoas poderiam associar o nariz a um defeito físico, sempre parece
que talvez seja isso que se dê. Outra teoria é a de que as pessoas
simplesmente não se olham no rosto. Pode haver um cara com nariz de
palhaço na sua frente e você não irá perceber.
Depois fui para o outro
show, encontrando com amigos meus que já haviam me visto na noite
anterior no bar. Explico o motivo do nariz pra outros conhecidos e
entro no show. Na entrada uma idosa comenta “esse aí tá animado!”
pra mim. Durante o show, tiro o nariz. O nariz me tira um tanto da
fruição. Me distrai por algum motivo que imagino ser a produção
de presença que ele impõe.
Saio do show. Estou
exausto. No caminho pra casa as mesmas caras. Chego em casa e me
tranco no quarto. Vou dormir depois de algumas horas de internet.
Penso que poderia ter ficado ou saído pra beber ou qualquer coisa já
que meu compromisso do dia seguinte de manhã fora cancelado, mas o
nariz me dá uma preguiça de sair e fazer qualquer coisa. Caso eu
pretenda fazer algo, terá de ser com o nariz.
sábado, 26 de novembro de 2011
72 horas in clown - É falta de educação falar do nariz dos outros
Ao fim do dia estava
exausto. O nariz impõe minha presença aos outros. Se a princípio
eu achei que iria me dar uma certa liberdade maior por estar
mascarado, a máscara me poe em evidência. Tanto para os outros
quanto para mim mesmo. Estar em evidência por uma, duas horas é uma
coisa, é mesmo meu trabalho. Mas durante todo o tempo ser lembrado
por um elemento externo que você está ali naquele momento e naquele
lugar é extremamente cansativo.
Por muitas vezes me
pegava adiantando processos, pensando já no que poderia acontecer ao
chegar em tal lugar ou falar com tal pessoas com o nariz. Não podia
simplesmente fingir que não existia ou passar qualquer momento em
estado de mecanização. A relação que mais me impressionou por ser
inesperada foi a minha comigo mesmo. Me ponho em evidência não só
no lugar em que passo por estar diferente, mas para mim mesmo.
Quanto aos outros, é
interessante como as pessoas ou precisam de alguma explicação para
o que acontece ou simplesmente ignoram. Os lugares onde senti meu
nariz ser mais ignorado foram em lojas ou estabelecimentos em que eu
seria atendido (deve haver algum tópico no treinamento que afirme
que não é educado olhar pro nariz vermelho dos outros) e na UNIRIO,
faculdade de teatro em que mais uma vez minha teoria de que qualquer
performance praticada naquele espaço torna-se esvaziada por virar
banalidade. Um homem com nariz de palhaço, o que tem de diferente
nisso?
Como lidar com as
crianças? Assumi um papel lúdico. As crianças não questionam se é
um homem com nariz de palhaço, mas reconhecem o palhaço em si. Não
há o estranhamento mas a identificação. Como lidar com isso foi
uma das questões enfrentadas. Resolvi assumir o papel que elas
esperavam de mim e brincar com o jogo. Foram os momentos mais
tranquilos do dia, quando eu e o nariz representávamos algo só.
Talvez durante todo o tempo eu briguei com o nariz. Me vi
inconscientemente desviando caminhos para evitar passar por certos
lugares com número maior ou tipo específico de pessoas.
No final do dia,
ocorreu o inesperado de perceber que as pessoas podem associar o
nariz a algum defeito físico real, não lendo o nariz como algo
inorgânico em mim. Comentários me fizeram repensar todos os olhares
que havia recebido durante o dia. O nariz não tem uma cor forte e é,
segundo alguns, bastante orgânico.
No fim das contas, não
houve grande transformação além dos olhares estranhando e
ignorando logo depois. Porém estar nesse lugar durante todo o tempo
impondo a mim mesmo a minha presença... sem contar o vapor no óculos
e a dificuldade de respirar.
72 horas in Clown - Dia 1 - em tempo real no tempo virtual
via facebook
72 hs in clown - reação de avó "o que é esse nariz? por causa da poeria da obra?" - e seguiu sem nenhuma mudança aparente. - 14:25 - 24/11/2011
72 hs in clown - "vi de longe, achei que o seu nariz estava inchado. protestando contra o quê? a obra?!" - Dinha, trabalha aqui na casa
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