domingo, 27 de novembro de 2011

72 horas in clown - Dia 4 - Eu não gosto de palhaço




Acordo cedo depois de uma noite pessimamente dormida. Tenho a mesma sensação que já tive de um certo ódio e apreensão por ter de sair novamente com o nariz. Sempre a antecipação.
Me arrumo, vou sair, minha mãe pergunta se o nariz não atrapalha pra respirar (coisa que a maioria das pessoas pergunta, quando pergunta algo). Vou à Primavera dos Livros. Compro tudo que não comprei na Bienal. Uma criança me aborda, curiosa. Pergunta se eu sou um palhaço. Pergunto porque ela acharia isso e ela diz no ouvido da mãe baixinho que é por causa do nariz (afinal é falta de educação falar do nariz dos outros). Uma das vendedoras que eu já inclusive havia passado pergunta o porque do nariz e outro rapaz pergunta se é um protesto pelo preço dos livros.
Saio de lá e vou para o Nova América Shopping, na zona norte. A amiga com mania de registro está comigo todo esse tempo.
Percebo que as pessoas no Nova América são muito mais agressivas. Muitos (principalmente homens) olhavam insistentemente e de um modo quase agressivo quando passavam por mim e não faziam qualquer questão de disfarçar. Me incomodou por muitas vezes.
Comi algo (fetuccine pela foto), peguei um ônibus e fui para o Norte Shopping assistir um espetáculo. Lá chegando, me dei a permissão de não usar o nariz pelo simples fato do espetáculo ser infantil e não queria chamar atenção. E aprendi que com crianças não há muito controle sobre isso. Além da questão da fruição que eu já abordei.
Assisti o espetáculo, fui trocar o sorvete que havia ganhado e a menina que me atende pergunta “isso é um nariz de palhaço?”. Respondi que sim. “Hum... eu não gosto de palhaço.” Eu não estava usando-o, somente com ele pendurado e puxei assunto e conversamos rapidamente, coisa que eu não faria em outras condições, imagino eu.
Depois fiquei pensando se a ausência do nariz me deu alguma leveza ou mudou de algum modo a minha relação com as coisas. Aumento da autoestima ou coisa que o valha.
Saio do shopping, vou para a casa. Ônibus, olhares, o de sempre, nenhuma surpresa.
Chego em casa e volto à minha rotina hermitã de estudo e planejamento.
De manhã estou de folga do nariz por questões profissionais, mas termino finalmente as minhas 72 horas (que como comentado por alguém, são mais que 72 horas) in clown chegando atrasado na aula de ATAT na UNIRIO.

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