segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

"hooked on a feeling"

Meu carnaval. Pus minha melhor camisa de botão, fiz a barba, usei meu melhor nariz de palhaço e pensei a minha melhor fantasia. Cheguei, conversei, te emprestei meu melhor nariz de palhaço e busquei tocar na sua mão. Você sumiu. Te liguei e você estava com outro. E só me restou sentar na estátua do cavalo na Praça XV e chorar sozinho sem reclamar. Consegui pegar meu nariz de volta. Te liguei de novo e você ainda estava lá. Com ele. Dizia o nome de um lugar que não era o seu lugar, que você jamais iria comigo. Mas estava com ele. Na terceira ligação você já não me atendia e eu me chicoteava como os auto flagelados por tentar te ligar mais 19 vezes.
Quando chegou em casa você ligou de novo perguntando se eu havia ligado. Eu disse que sim. Você perguntou o que eu queria e eu disse que não era nada. Eu não sabia.
Eu ainda tinha meu nariz. Mas você tinha desprezado meu nariz.
Você disse que ia dormir. Eu perguntei novamente o nome do lugar que você estava por crueldade, só pra saber que eu ainda sabia que você não iria jamais naquele lugar.
Você repetiu e eu percebi o sotaque estranho e não familiar nos fonemas que formavam o nome do lugar.
Eu ri. Eu fui cínico.
Eu menti.
Você vai achar que eu menti pra você. Mas eu menti pra mim. Só pra mim.
Eu pus o meu nariz. Corri, bebi e chorei.
Mais bebi do que chorei e corri.
Mas eu chorei muito.
Eu fui pra casa e você me ligou de novo.
Você mentiu.
Eu fingi que acreditei e fingi pra mim mesmo que me senti melhor com isso.
Cheguei em casa, tomei um banho e uma neosaldina.
Vou dormir.
E amanhã já não tem carnaval.
Eu ainda tenho meu nariz. Mas quando acordar porei meus óculos e não sei pra quem esprestá-lo.

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