domingo, 17 de outubro de 2010

De como todos queremos algo bonito, e eu gostaria de ser bonito ou Do not wake me, because I was dreaming

Me promete que só esquecerá de mim depois que eu esquecer de você?
Me promete que não vai me deixar sumir por aí?
Me promete que sempre que eu sentir que estou desaparecendo do mundo, meu celular vai tocar e será uma mensagem lembrando que eu ainda existo por aí?
Eu sempre achei que a minha vida fosse um filme. O problema é que eu não sou o protagonista, sou só um dos personagens secundários, até terciários. E o que acontece se eu não for mais necessário na história do protagonista? Todo bom roteirista ou diretor sabem que se não for essencial pra história, se puder ser cortado, deve ser cortado. E se eu não tiver mais função?
Me promete que eu nunca mais vou lembrar daquele trecho da música que só existe na versão acústica em que se grita angustiado “Can’t you hear me? I’ll scream then.”?
Que eu não vou mais sentir que eu sou o único que não vê sentido em certas coisas e por isso eu sou o louco marginal que anda na contramão? Que se eu andar na contramão você vai estar sentada no banco do carona ou vai ser a voz feminina do meu GPS avisando que se importa com o fato de eu estar na contramão?
Me promete que eu sou estar sempre, sempre em algum lugar? Qualquer lugar, mas em um lugar?
Promete que se um dia eu for cortado do filme e virar só um figurante, eu vou ter lido o roteiro e vou saber que atravessar a rua é só uma marca pra câmera e que, como eu sempre suspeitava, não precisa de nenhuma motivação interior porque ninguém vai perceber mesmo?
No fim das contas. Você promete que eu não vou precisar pedir pra ninguém que esse alguém prometa alguma coisa?
Eu sempre entendi o silêncio como um “não”. É da minha natureza.
É silêncio.


Então me dá licença, que eu vou ali atravessar a rua.

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