domingo, 17 de outubro de 2010

De como todos queremos algo bonito, e eu gostaria de ser bonito ou Do not wake me, because I was dreaming

Me promete que só esquecerá de mim depois que eu esquecer de você?
Me promete que não vai me deixar sumir por aí?
Me promete que sempre que eu sentir que estou desaparecendo do mundo, meu celular vai tocar e será uma mensagem lembrando que eu ainda existo por aí?
Eu sempre achei que a minha vida fosse um filme. O problema é que eu não sou o protagonista, sou só um dos personagens secundários, até terciários. E o que acontece se eu não for mais necessário na história do protagonista? Todo bom roteirista ou diretor sabem que se não for essencial pra história, se puder ser cortado, deve ser cortado. E se eu não tiver mais função?
Me promete que eu nunca mais vou lembrar daquele trecho da música que só existe na versão acústica em que se grita angustiado “Can’t you hear me? I’ll scream then.”?
Que eu não vou mais sentir que eu sou o único que não vê sentido em certas coisas e por isso eu sou o louco marginal que anda na contramão? Que se eu andar na contramão você vai estar sentada no banco do carona ou vai ser a voz feminina do meu GPS avisando que se importa com o fato de eu estar na contramão?
Me promete que eu sou estar sempre, sempre em algum lugar? Qualquer lugar, mas em um lugar?
Promete que se um dia eu for cortado do filme e virar só um figurante, eu vou ter lido o roteiro e vou saber que atravessar a rua é só uma marca pra câmera e que, como eu sempre suspeitava, não precisa de nenhuma motivação interior porque ninguém vai perceber mesmo?
No fim das contas. Você promete que eu não vou precisar pedir pra ninguém que esse alguém prometa alguma coisa?
Eu sempre entendi o silêncio como um “não”. É da minha natureza.
É silêncio.


Então me dá licença, que eu vou ali atravessar a rua.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Do Pocket Roll ou De quando não se tem nada pra fazer

Do Gatonet ou dos ruídos na comunicação digi e tal

Dos sorrisos de domingo ou De como dançar valsa com você ao som de gaitas e violinos

Sabe, a gente iria se dar bem. Sério. No duro mesmo, como diria o meu tio.
Eu andei futucando seu facebook e, bem, sabe aquela música com o clipe nos seus vídeos favoritos? Então, é uma das minhas favoritas também. Adoro a batida meio cigana. Você gosta de música meio alternativa né, com um instrumental mais requintado? Pois é, eu também. Aliás, acho esse clipe nos seus favoritos lindo também.
Andei olhando as suas fotos. Estilosa né, percebi que você gosta de vermelho, mas só de um ou outro elemento. Você acha que vermelho tem ser usado no detalhe né? Se não fica muito? Pois veja só, eu também acho. E adoro meninas com elementos em vermelho.
Falando nisso, já assistiu A Lista de Schindler? Vi que você ta na comunidade do Spielberg. Eu sou fã dele também. E gosto de todos os filmes, desde os mais cabeças até os mais populares. Mas sou alternativo também nos filmes, assim como nas músicas. Também sou fã do Laranja Mecânica. Estamos na mesma comunidade.
Li também que você nunca teve catapora. Legal, eu também nunca tive. Quer dizer, até semana passada. Agora eu já tive e posso dizer que é um saco. Mas das diferenças também podemos descobrir algo de legal juntos né?
Você lê? Vi aqui que você leu 100 Anos de Solidão né? Legal, eu tô nessa comunidade também. Mas você leu de primeira, porque eu tô na comunidade “Só consegui ler 100 Anos de Solidão na terceira vez e amei!”? É uma comunidade um pouco específica, mas é verdade. Não encontrei nada dizendo que você tenha lido Incidente em Antares, então se não leu, deveria ler. É um calhamaço, mas esse eu li de primeira e me emocionei e tudo. Mas não achei comunidade, não deve ter tanta gente assim que leu. O tamanho deve assustar.
Eu também espirro sempre três vezes, já quis matar a minha mãe e nunca joguei pogobol. A gente tem realmente muito em comum.
O chato é que eu tô na comunidae dos meninos tímidos sem atitude. E você ta na comunidade das meninas que gostam de homens decididos com atitude. Eu tô bem decidido a querer conversar com você sobre tudo isso, mas sou tímido. Ser decidido nem sempre é ter atitude né? E eu acho tão engraçado que quando a gente se encontre, com tanta coisa em comum eu nem tenha nada de interessante pra te dizer. Se ao menos Laranja Mecânica estivesse em cartaz no cinema. O Spielberg não lança nenhum filme novo a um tempão. E mesmo que lançasse, eu nem teria cara pra te chamar pois provavelmente você ainda nem sabe o quanto a gente tem em comum e o quanto a gente iria se dar bem. Nem tem idéia.
Vi que você postou que você vai naquela festa né? Eu queria ir mas preciso ficar em casa, sabe a catapora? Pois é, tive semana passada mas ela ainda não foi embora. Vou ter que sair da comunidade “Nunca tive catapora”.
Mas então, quando você descobrir que a gente tem tudo a ver, você vai aceitar se eu te chamar pra assistir o filme novo do Spielberg? Ou a nova animação da Pixar? Se você disser que sim, eu até te chamo.
Aliás, você tem MSN?

domingo, 10 de outubro de 2010

Do sushi ou Da minha menina que tomaria café da manhã em Plutão

"Ás vezes até pego uma estrada e a cada belo horizonte eu diviso o seu rosto, a face oculta da lua, soprando ainda sou sua."
Tulipa Ruiz

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Eu queria ser uma mulher, com uma banda com baixista, guitarra, bateria, sintetizador, piano, violino e cello, maquiagem e músicas mais pra pretas que pra cor com uma luz mais dark pra poder cantar minhas mágoas com maquiagem borrada nos olhos e cabelo curto. Tem músicas e atitudes que só podem ser feitas e sentidas por mulheres. Mulheres são muito mais trágicas. Não dá pra comparar o Édipo com Medeia. O homem sempre é culpado, já a mulher tem a paixão a seu favor. Elas podem chorar e é lindo vê-las chorando.
Tem um que de feminino no sangue além do óbvio da menstruação. Homens são palhaços ou soldados, mulheres são bailarinas.
Meu sonho era gozar como se goza uma mulher, e isso é algo que nenhum homem jamais poderá fazer. Jamais poderá saber. Elas não sabem explicar e eles não sabem entender.
Ás vezes me imagino como eu seria se fosse uma menina. Que roupas eu vestiria? Usaria maquiagem? Seria afetada ou dessas meninas que eu acho um saco? Daria ou seguraria? Acreditaria no amor ou seria a exceção? Sofreria mais ou menos? Como será ter que confiar em um homem? COMO SERÁ TER QUE CONFIAR EM UM HOMEM?
Sempre acabo imaginando uma fragilidade em mim mesmo (a) que me assusta pensar que, se eu fosse menina, me relacionaria com um homem. Não necessariamente, mas a princípio sim.
Não gosto de homens, não os acho confiáveis no sentido sexual da palavra. Me imagino dando pra alguém pela primeira vez e me pondo neste lugar eu imagino o quanto amor isso envolve.
Acho que seria uma mulher definitivamente romântica. Acho que como homem também já o fui, mas fui desistindo ou sendo obrigado a desistir pelo caminho. Romantismo não é coisa de adulto. Só aquele romantismo estudado, pensado e sensato. Mas isso já não é Apolo demais pra Dionísio.
Se eu fosse mulher, eu teria uma banda com baixista, guitarra, bateria, sintetizador, piano, violino, cello. Tocaria guitarra também, teria os olhos manchados por estar chorando cantando uma música sobre a perda do romantismo e o quanto não deixo de ser tua. Cantando uma música sobre o quanto o mundo não se encaixa dentro de mim e o quanto eu não me encaixo dentro do mundo. Beberia cervejas durante o show e me sentiria a mulher mais linda com minhas lágrimas. Me chamaria Anna P. e minha banda seriam os Pennys. Anna P. e os Pennys, com o duplo sentido e a brincadeira de ser líder em um mundo fálico dionisíaco escuro sem fronteiras. Depois, desceria do palco, tomaria o resto da minha cerveja timidamente com a case da minha guitarra e voltaria com o peso da guitarra e da solidão nos meus ombros. Talvez sozinha, talvez acompanhada. Acenderia a luz da minha sala, iria na geladeira e iria dormir ou trepar com a suposta companhia.
Bem provável que não houvesse companhia, não confiaria nos homens e as mulheres seriam um carinho de toque, sem paixão o suficiente pra me preencher.
Mas seja só, acompanhada de um homem, uma mulher, um cachorro ou um gato (eu teria um gato chamado Félix), eu teria a dor da ressaca moral no dia seguinte.
Ah... e moraria em São Paulo.


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Das frases que vem na cabeça antes que você pense nelas:
"Qualquer coisa que diga na embalagem pra não se enfiar numa vagina não deve ser legal de enfiar no olho."

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