domingo, 10 de outubro de 2010

Do sushi ou Da minha menina que tomaria café da manhã em Plutão

"Ás vezes até pego uma estrada e a cada belo horizonte eu diviso o seu rosto, a face oculta da lua, soprando ainda sou sua."
Tulipa Ruiz

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Eu queria ser uma mulher, com uma banda com baixista, guitarra, bateria, sintetizador, piano, violino e cello, maquiagem e músicas mais pra pretas que pra cor com uma luz mais dark pra poder cantar minhas mágoas com maquiagem borrada nos olhos e cabelo curto. Tem músicas e atitudes que só podem ser feitas e sentidas por mulheres. Mulheres são muito mais trágicas. Não dá pra comparar o Édipo com Medeia. O homem sempre é culpado, já a mulher tem a paixão a seu favor. Elas podem chorar e é lindo vê-las chorando.
Tem um que de feminino no sangue além do óbvio da menstruação. Homens são palhaços ou soldados, mulheres são bailarinas.
Meu sonho era gozar como se goza uma mulher, e isso é algo que nenhum homem jamais poderá fazer. Jamais poderá saber. Elas não sabem explicar e eles não sabem entender.
Ás vezes me imagino como eu seria se fosse uma menina. Que roupas eu vestiria? Usaria maquiagem? Seria afetada ou dessas meninas que eu acho um saco? Daria ou seguraria? Acreditaria no amor ou seria a exceção? Sofreria mais ou menos? Como será ter que confiar em um homem? COMO SERÁ TER QUE CONFIAR EM UM HOMEM?
Sempre acabo imaginando uma fragilidade em mim mesmo (a) que me assusta pensar que, se eu fosse menina, me relacionaria com um homem. Não necessariamente, mas a princípio sim.
Não gosto de homens, não os acho confiáveis no sentido sexual da palavra. Me imagino dando pra alguém pela primeira vez e me pondo neste lugar eu imagino o quanto amor isso envolve.
Acho que seria uma mulher definitivamente romântica. Acho que como homem também já o fui, mas fui desistindo ou sendo obrigado a desistir pelo caminho. Romantismo não é coisa de adulto. Só aquele romantismo estudado, pensado e sensato. Mas isso já não é Apolo demais pra Dionísio.
Se eu fosse mulher, eu teria uma banda com baixista, guitarra, bateria, sintetizador, piano, violino, cello. Tocaria guitarra também, teria os olhos manchados por estar chorando cantando uma música sobre a perda do romantismo e o quanto não deixo de ser tua. Cantando uma música sobre o quanto o mundo não se encaixa dentro de mim e o quanto eu não me encaixo dentro do mundo. Beberia cervejas durante o show e me sentiria a mulher mais linda com minhas lágrimas. Me chamaria Anna P. e minha banda seriam os Pennys. Anna P. e os Pennys, com o duplo sentido e a brincadeira de ser líder em um mundo fálico dionisíaco escuro sem fronteiras. Depois, desceria do palco, tomaria o resto da minha cerveja timidamente com a case da minha guitarra e voltaria com o peso da guitarra e da solidão nos meus ombros. Talvez sozinha, talvez acompanhada. Acenderia a luz da minha sala, iria na geladeira e iria dormir ou trepar com a suposta companhia.
Bem provável que não houvesse companhia, não confiaria nos homens e as mulheres seriam um carinho de toque, sem paixão o suficiente pra me preencher.
Mas seja só, acompanhada de um homem, uma mulher, um cachorro ou um gato (eu teria um gato chamado Félix), eu teria a dor da ressaca moral no dia seguinte.
Ah... e moraria em São Paulo.


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Das frases que vem na cabeça antes que você pense nelas:
"Qualquer coisa que diga na embalagem pra não se enfiar numa vagina não deve ser legal de enfiar no olho."

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