Ela tinha uma torta de abacaxi nas mãos e mil antenas na cabeça.
A cada pedaço que destroçava no sofá da sala, projetava suas frustrações e mensagens não respondidas. As frases e ligações da madrugada que não pôde fazer e as culpas por sentir culpa por sentir culpa por querer gritar aquele nome.
Se a torta fosse mais azeda, ajudaria no auto flagelo e teria raiva de si mesma naquele momento. Mas sendo doce, só sentia pena de si mesma pelo sofá e o fantástico na Tv. E por se sentir gorda.
Pesava 54 quilos.
1,61 m.
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Ela estava sentada no parapeito da janela. Olhava o helicóptero passando por trás dos prédios enquanto ele saia do prédio, passando exatamente em baixo dela pelo portão da portaria. Ele não olhou pra cima e nem imaginou que ela estaria na janela. Ela ficou aliviada por não ter que dar um adeus. Preferia olhar o helicóptero e tentar descobrir de onde vinha e quem eram aquelas pessoas. Foi tomar um suco de laranja, ligou o computador e foi brincar de ninja tentando descobrir segredos públicos no facebook da pessoa de sempre. Ela olhava aquela página todos os dias desde algum dia que ela nem lembra mais.
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Escovou os dentes depois de deixar o prato jogado na pia sem lavar e foi dormir. Se encostou no travesseiro e lembrou, e gozou.
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segunda-feira, 9 de maio de 2011
domingo, 8 de maio de 2011
Taí ou D'aí
Ela – Desce do ônibus com sua sapatilha verde e seu vestido solto que revela sua silhueta com o movimento do seu andar e o vento que passa. Entra pelos portões e atravessa as árvores subindo a ladeira. Não lhe importa o verde ou a terra. Segue em direção às luzes e ao movimento. Percebe a blusa azul e o homem dentro dela.
Ele – Sentado em um bar, bebendo chopp. Dali a 30 minutos ele estará enjoado por algum motivo obscuro. Sente uma dor de cabeça no lado esquerdo superior do crânio. Está cansado por causa do esforço feito durante o dia inteiro e divaga silenciosamente: “se tudo se transforma em algo e nada se cria ou desaparece no espaço, pra onde vai a energia que desperdiçou esse tempo todo?”.
Ela – Se abraça e sente as mãos do blusa azul pelas suas pernas. Suas línguas se entrelaçam sem vontade ou tesão. Apenas o pensamento de que é melhor do que ficar sozinha em casa. Tem gosto de resignação. Seu vestido sobe com as mãos do blusa azul em suas costas. As mãos vieram de baixo para cima. Se molha por simples obrigação imposta por seu corpo disponível que reage por impulsos tão elementares quando o suor que desce ao correr por alguns metros.
Ele – Com fones de ouvido, espera alguma conseqüência de seus esforços e olha o lado de fora da janela do ônibus. Convive no momento com a sensação de que todas as suas questões, perguntas e falas são retóricas e que ninguém vai realmente responder quaisquer uma delas. Talvez nunca tivesse sido diferente. A dor de cabeça só piora e vem junto o tal enjôo. Inesperado, já que não come nada a um bom tempo. Ou previsível, já que não come nada faz um bom tempo. Relegado a terceiro plano, segundo fatos já conhecidos.
Ela – Não acredita no que diz, mas o conflito consiste em mentir com a maior sinceridade possível. Mente para si mesma, e mente bem. Quase todos acreditam, inclusive ela mesma. Mas lá no fundo tem algo que diz “essa menina tem alguma coisa de errado, algo não se encaixa”. Vento, árvores e piscina. Falsa culpa ou verdadeira culpa por não sentir culpa.
Ele – Se despe, se masturba olhando um filme na Internet e ejacula sem gozar. Para ficar ereto, levou uns bons minutos. Nunca broxou com ninguém além de si mesmo. Mas a impotência sexual consigo mesmo têm se tornado freqüente. A 17 anos se masturba diariamente, assistindo filmes e vendo fotos, mas sempre imaginando a mesma pessoa.
Ela – Vomita lembranças e as limpa com água sanitária. Não acredita nelas. Deita em sua cama sem sorrir, sem pensar, e já nem lembra mais o que é sentir. A vida é um fluxo, e está fraca demais pra tentar nadar contra ou querer concluir que quer ir a favor. Um dia passa, mas não hoje, nem semana que vem, talvez nem esse ano.
Ele – Lustra lembranças e bebe água sanitária. Não acredita que elas não sejam como suas próprias conclusões. Arrogante. Entende tudo e rejeita o que não entende. Liga o rádio. Um táxi pra estação lunar. Dor de cabeça e enjôo. Frio e emails. Sites de compra coletiva e google agenda avisando que não tem compromisso hoje. Um segundo de cada vez. Uma ressaca por dia.
BLACK OUT.
Ele – Sentado em um bar, bebendo chopp. Dali a 30 minutos ele estará enjoado por algum motivo obscuro. Sente uma dor de cabeça no lado esquerdo superior do crânio. Está cansado por causa do esforço feito durante o dia inteiro e divaga silenciosamente: “se tudo se transforma em algo e nada se cria ou desaparece no espaço, pra onde vai a energia que desperdiçou esse tempo todo?”.
Ela – Se abraça e sente as mãos do blusa azul pelas suas pernas. Suas línguas se entrelaçam sem vontade ou tesão. Apenas o pensamento de que é melhor do que ficar sozinha em casa. Tem gosto de resignação. Seu vestido sobe com as mãos do blusa azul em suas costas. As mãos vieram de baixo para cima. Se molha por simples obrigação imposta por seu corpo disponível que reage por impulsos tão elementares quando o suor que desce ao correr por alguns metros.
Ele – Com fones de ouvido, espera alguma conseqüência de seus esforços e olha o lado de fora da janela do ônibus. Convive no momento com a sensação de que todas as suas questões, perguntas e falas são retóricas e que ninguém vai realmente responder quaisquer uma delas. Talvez nunca tivesse sido diferente. A dor de cabeça só piora e vem junto o tal enjôo. Inesperado, já que não come nada a um bom tempo. Ou previsível, já que não come nada faz um bom tempo. Relegado a terceiro plano, segundo fatos já conhecidos.
Ela – Não acredita no que diz, mas o conflito consiste em mentir com a maior sinceridade possível. Mente para si mesma, e mente bem. Quase todos acreditam, inclusive ela mesma. Mas lá no fundo tem algo que diz “essa menina tem alguma coisa de errado, algo não se encaixa”. Vento, árvores e piscina. Falsa culpa ou verdadeira culpa por não sentir culpa.
Ele – Se despe, se masturba olhando um filme na Internet e ejacula sem gozar. Para ficar ereto, levou uns bons minutos. Nunca broxou com ninguém além de si mesmo. Mas a impotência sexual consigo mesmo têm se tornado freqüente. A 17 anos se masturba diariamente, assistindo filmes e vendo fotos, mas sempre imaginando a mesma pessoa.
Ela – Vomita lembranças e as limpa com água sanitária. Não acredita nelas. Deita em sua cama sem sorrir, sem pensar, e já nem lembra mais o que é sentir. A vida é um fluxo, e está fraca demais pra tentar nadar contra ou querer concluir que quer ir a favor. Um dia passa, mas não hoje, nem semana que vem, talvez nem esse ano.
Ele – Lustra lembranças e bebe água sanitária. Não acredita que elas não sejam como suas próprias conclusões. Arrogante. Entende tudo e rejeita o que não entende. Liga o rádio. Um táxi pra estação lunar. Dor de cabeça e enjôo. Frio e emails. Sites de compra coletiva e google agenda avisando que não tem compromisso hoje. Um segundo de cada vez. Uma ressaca por dia.
BLACK OUT.
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